A
Human Rights Watch publicou seu relatório anual sobre a situação dos
direitos humanos no mundo durante o ano de 2012. Em Angola, corrupção e
enriquecimento ilícito de governantes preocupam.
Em
suas 680 páginas, o Relatório Mundial 2013, da organização
não-governamental internacional Human Rights Watch (HRW), traz um
apanhado das principais violações dos direitos humanos, ocorridas
durante o ano de 2012, em cerca de 90 países.
Entre os 18 países africanos que ganharam destaque no relatório, Angola mereceu sete páginas.
Corrupção e enriquecimento ilícito
O
Relatório Mundial 2013 divulgado pela organização não-governamental
internacional voltou a pedir providências ao Fundo Monetário
Internacional, em relação aos 32 mil milhões de dólares que
desapareceram dos cofres públicos. O valor equivale a 25% do Produto
Interno Bruto (PIB), do país.
Se
a corrupção aparece entre as violações dos direitos humanos em Angola,
também o enriquecimento da família Dos Santos preocupa Iain Levine,
diretor-executivo adjunto para programas da Human Rights Watch.
“A
filha (Isabel dos Santos) do presidente de Angola (Eduardo dos Santos)
tornou-se a primeira mulher africana bilionária. Bilionária”, lembra
estarrecido.
“Enquanto isso, a maior parte da população vive em condições de pobreza quase absoluta”, pondera Levine.
Liberdade de expressão vai mal
Também
em termos de liberdade de imprensa, o país foi mal avaliado. A
organização considera que o ambiente mediático angolano encoraja a
auto-censura, porque as leis do país restringem a liberdade de
funcionamento das empresas, emperrando também o trabalho dos
jornalistas.
“Apontamos
muitos casos em que jornalistas foram presos e são frequentemente
perseguidos, interrogados pelas autoridades e ameaçados”, comenta.
O
especialista em direitos humanos citou as manifestações realizadas
pelos jovens angolanos, no início de 2012, em Luanda, como exemplo para
ilustrar a falta de liberdade de expressão que também a população
enfrenta.
Medo e intimidação
Em
seu relatório, a Human Rights Watch cita o caso do jornalista Rafael
Marques, atualmente vítima de um processo jurídico por difamação em
Portugal.
A
HRW considera a forma como o governo angolano trata ativistas de
direitos humanos como uma tentativa de prevenir que eles hajam em defesa
da população.
“Consideramos isso bastante negativo e preocupante porque cria um ambiente de medo e intimidação”, diz.
A
violência que oficiais do governo angolano perpetraram para expulsar do
país imigrantes congoleses é apontada no relatório da organização como
um ponto crítico de violação dos direitos humanos, especialmente devido à
impunidade.
Iain
Levine lembra que o caso incluiu violência brutal, violações sexuais de
mulheres e meninas e privação de comida e água aos congoleses. “É um
problema geral em Angola, a impunidade no caso de abusos cometidos por
oficiais do governo”, afirma.
Ambiente eleitoral ”restritivo”
O documento da HRW qualificou como “restritivo” o ambiente em que se realizaram as eleições gerais de 2012.
Iain
Levine, diretor-executivo adjunto para programas da organização,
destaca que para que eleições possam ser consideradas justas e livres
“tem que haver, ao longo de meses, condições em que todos possam
exprimir suas opiniões em público, falar livremente com a imprensa, ter
liberdade de reunião e assembléia”.
“Essas condições não existiam antes das eleições e nem existem agora”, conclui.
Autora: Cristiane Vieira Teixeira
Fonte:http://www.angola24horas.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário