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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

ONU alerta sobre o impacto negativo de produtos químicos na vida humana

Componentes químicos artificiais presentes no dia-a-dia podem ter um impacto significativo no sistema hormonal, favorecendo o desenvolvimento de doenças, de problemas de fertilidade e males congénitos, informa um estudo da ONU.

O estudo diz que o número de químicos EDC - substâncias com efeitos sobre as glândulas endócrinas, aumentou “dramaticamente” entre 2000 e 2012, e muitos não são testados quanto aos seus efeitos na saúde humana e na natureza.

Esses químicos incluem aditivos em embalagens, bens de consumo (electrónicos, móveis, produtos de limpeza), produtos de cuidados pessoais (champôs, cremes, sabão) e farmacêuticos.

“As pessoas estão expostas aos EDC de diversas formas, incluindo ingestão de comida, poeira, água e inalação”, aponta o relatório, feito em conjunto pela Organização Mundial da Saúde e a Agência da ONU para o Meio Ambiente.

O problema, diz o relatório, é que ainda há poucos dados sobre como esses EDC são produzidos e onde são colocados. Também faltam estudos detalhados sobre os seus efeitos no sistema hormonal e sua relação com doenças específicas. A exposição a muitos desses químicos pode estar ligada a casos de  cancro da mama, tiróide e próstata, deformações em bebés, hiperatividade em crianças, diabetes, asma, obesidade, males de Alzheimer e Parkinson, derrames e queda de fertilidade, acredita-se. O relatório refere que as crianças podem entrar em contacto com os EDC no ventre da mãe ou na infância, colocando coisas na boca.

Entre os produtos químicos que, segundo a ONU, podem alterar o sistema hormonal estão ftalatos (usados em plásticos maleáveis e na produção de brinquedos, perfumes e farmacêuticos, inclusive desodorizantes), bisfenol A (também chamado BPA, substância usada para endurecer plásticos e encontrada em embalagens de bebidas e alimentos). Por enquanto, são poucos os países - EUA, Canadá e algumas nações europeias - que baniram o uso de alguns EDC, especialmente em itens usados por crianças. “Apenas uma pequena parcela de químicos e poucos tipos de EDC são medidos, fazendo deles a ponta do iceberg”, prossegue o estudo, agregando que muitos produtos não declaram esses aditivos químicos nas suas embalagens.

“Deve ser uma prioridade global desenvolver habilidades para medir possíveis EDC e desenvolver um mapa detalhado das exposições (a que estamos sujeitos).” O relatório das Nações Unidas também levanta preocupações quanto ao impacto dos EDC no ambiente. No Alasca (EUA), a exposição a alguns químicos pode ter contribuído para defeitos reprodutivos, infertilidade e má-formação em algumas populações de veados.

Grupos de lontras e leões marinhos também estão em risco por estarem em contacto com químicos presentes em pesticidas.

“Uma vez que um EDC entra no corpo de um invertebrado, de um peixe, ave ou mamífero através da água ou da comida, o químico pode ser transportado para diferentes tecidos”, aponta o estudo. 

fonte: http://jornaldeangola.sapo.ao